Biografia

(Biography)

Pintor, fotógrafo e designer brasileiro, Geraldo de Barros (1923-1998) desenvolveu ao longo de seu percurso uma vasta obra onde se revelam suas reflexões sobre a criação artística, a percepção da imagem e o papel da arte na sociedade. A originalidade, especificidade e atualidade de suas propostas, tanto nas esferas de Arte Concreta, fotografia abstrata e design modular, são hoje reconhecidas nacional e internacionalmente.


Geraldo de Barros tem vinte e dois anos quando inicia seus estudos em desenho e pintura na Associação Paulista de Belas Artes de São Paulo (1945). Na busca de representações inovadoras, Geraldo de Barros se afasta rapidamente de uma representação figurativa expressionista e se interessa pela abstração. A incentivo de Mario Pedrosa (1900-1981), ele descobre a arte de Paul Klee (1879-1940) e a teoria da Gestalt. Nessa época, ele começa também a praticar a fotografia e sua maneira original de praticá-la o torna pioneiro da fotografia abstrata brasileira.

O caráter único das fotografias apresentadas na exposição Fotoforma no Museu de Arte Moderna de São Paulo (1951) permite à Geraldo Barros receber uma bolsa do governo francês dando-o assim a ocasião de permanecer por um ano na Europa. 

Durante este período, ele conhece François Morellet, Max Bill, Morandi, estuda gravura em Paris e se imersa nos originais de Paul Klee. 

De volta ao Brasil, Geraldo de Barros inicia um período de grande atividade, fruto de seus experimentos com a fotografia e imbuído dos preceitos geométricos e matemáticos aplicados pela Arte Concreta,  e funda em São Paulo, junto à outros artistas, o grupo de Arte Concreta Ruptura (1952), movimento que aborda a representação no contexto da modernização que vive o país estes anos. De sua visita à escola de Ulm na Alemanha, imaginando o potencial dos preceitos do Bauhaus para contribuir à inserção da arte na sociedade, Geraldo de Barros participa da fundação da comunidade operária Unilabor (1954-1962) projetando os móveis realizados nesta fabrica. Unilabor é inovadora no contexto brasileiro de então não somente pelo design criado por Geraldo de Barros, mas também  por sua gestão, cooperativa, na qual todos os funcionários participam de suas decisões e de seus benefícios.

Com a instalação da ditadura no país, Unilabor se termina e Geraldo de Barros cria Hobjeto (1964-1979), empresa na qual ele dá prosseguimento à seu design de móveis. Assumindo uma outra postura em relação à arte, Geraldo de Barros realiza uma série de pinturas usando a estética do Pop Art, como ele era então praticado nos EUA, mas distinguido de sua fonte americana por sua forte conotação social e política. Em 1966, ele funda o Grupo Rex reunindo artistas interessados nas idéias dos movimentos Dada, Pop Art e de Happenings. Neste momento, ele elabora pinturas em grande formato que são produzidas dentro de sua fábrica de móveis à partir de outdoors que ele se apropria e repinta. Interessado pelas noções de escala e industrialização, Geraldo de Barros retoma no final dos anos 1970 os preceitos da Arte Concreta e os associa com os de indústria, dando origem à uma nova série de pinturas utilizando a Fórmica como material principal. 

Afetado por um primeiro acidente cardiovascular que o paralisa parcialmente, Geraldo de Barros se afasta da direção da Hobjeto (1979) e continua a desenvolver seu trabalho artístico. Representante do Brasil na 42ª Bienal de Veneza, com curadoria de Arturo Schwartz (1924-), ele apresenta uma série de pinturas em fórmica intitulada Jogos de Dados (1986). À partir desta época e até o final de sua vida, sua obra é exposta em diversos eventos no Brasil e no exterior, como a exposição Geraldo de Barros, pintor e fotógrafo no Musée de l’Elysée, em Lausanne, Suíça (1993) e a retrospectiva intitulada Geraldo de Barros, fotógrafo no Museu da Imagem e do Som em São Paulo (1994). 

Em 1996, Geraldo de Barros, debilitado por sucessivos ataques cerebrais, retoma seu trabalho fotográfico e produz uma série intitulada Sobrasonde ele manipula e reconstrói imagens à partir de negativos de fotografias de família. Parte deste trabalho é apresentado em exposições póstumas como a do Museu Ludwig de Colônia, Alemanha e a do SESC Pompéia de São Paulo, ambas realizadas em 1999, quando foi lançado o filme sobre sua obra e vida intitulado Sobras em Obras realizado pelo cineasta Michel Favre.Desde 1992, a obra de Geraldo de Barros é catalogada e arquivada por sua filha, a artista Fabiana de Barros, e por Michel Favre no Arquivo Geraldo de Barros sediado em Genebra, Suíça. A partir de 2014, o conjunto de negativos das séries fotográficas de Geraldo de Barros se encontram no Instituto Moreira Sales, Rio de Janeiro.